segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Polyvox PR -1800 : 39 peças depois

Propaganda de 1976
É, eis a escolha de gente experiente! =] Mas o tal receiver Polyvox PR1800 era e é mesmo um aparelho muito bom. Tem boa potência e qualidade de som. O rádio se destaca: "pega" tudo sem antena e com ótima qualidade de som, especialemte no FM. Tem muitas entradas e a imprensa especializada da época dizia: haja equipamento para plugar nele!

O receiver que mostro agora adquiri em ótimo estado de conservação num bazar beneficente, mas estava com aguns problemas de funcionamento, inclusive, som distorcido num dos canais. Antes de buscar a causa específica, procedi com a troca de 39 capacitores. Ou melhor: todos eles.  Mais limpeza de contatos e pronto: funcionando a pleno de novo.

Já conversei com donos deste mesmo modelo e costumam reclamar do timbre dos tons agudos que ele proporciona. E eu digo: todos estão provavelmente enganados. Com o passar do tempo os capacitores deterioram e com eles, a qualidade de som. Terminado o trabalho, ficou tão bom e agradável de ouvir que agora ele tem posição de destaque na sala de visitas. É agora meu receiver de uso constante. E substituiu outro aparelho de respeito, que falarei em momento oportuno.

Em post anterior mostrei um Polyvox mais recente que este, o PR-4150. E este aqui, à excessão do equalizador e de alguns watts de potência, se equivale ao mais novo. Posto a funcionar a pleno, surpreende mesmo.

E, pra finalizar, a foto de meu exemplar com o pote de peças que foram substituídas:

[Gambiarristies III] TEAC A-450 : um cassete desafiador

Propaganda veiculada na revista VEJA em novembro de 1973
Eis que no início dos anos 1970  a conceituadíssima marca TEAC lança no mercado um aparelho que simplesmente revolucionou o mercado, propondo um desafio. Até então quem queria poder gravar seus discos, fazer coletâneas musicais, deveria se valer dos decks de carretel - ou tape de rolo, como chamamos popularmente aqui no Brasil.

Já havia nessa época à venda as tais fitas cassete. Mas era o formato proposto apenas para gravação de voz ou "voice memos". Gravador de repórter, mesmo. Não havia qualidade sonora o suficiente para gravação de músicas. Mesmo assim, pelo formato compacto e conveniente, muita gente gravava nesses primeiros aparelhos cassete músicas e pronto. E conveniente porque ao invés de se usar um carretel aberto, as fitas cassete tinham formato em cartucho tornando muito fácil de operar e transportar.

Claro que os fabricantes de equipamentos de som notaram esse fenômeno e passaram a investir em aparelhos cassete com som estereofônico e melhor qualidade sonora que o cassete original. Os fabricantes de fita, por sua vez, passaram a investir em melhores fórmulas químicas para o revestimento magnético da fita e controle de qualidade.

Apesar disso tudo, o cassete ainda era um formato marginalizado pelos decks de rolo, por sua deficiência em qualidade sonora bem como por seu característico ruído de fundo.

Pois a TEAC resolveu "apelar". Produziu e lançou ao mercado este deck que mostro a você agora. Um aparelho que, em números e ao vivo, praticamente se igualava em qualidade sonora aos decks de rolo comuns - não aos melhores, é verdade, mas surpreendia - e ainda surpreende - pela qualidade sonora que consegue obter das fitas cassete.

Pois então, estava proposto o desafio: Que o audiófilo mostrasse quais a diferenças de sonoridade do A-450 para um deck de rolo. Foi o ponto de mudança. O tiro certeiro que tornou então a  mídia cassete respeitada até mesmo pelos mais exigentes e a tornou um ícone pop, lembrado ainda hoje.

O TEAC A-450 era fabricado como um tanque de guerra, tudo superdimensionado, beirando ao exagero, mas tudo torneado com precisão surpreendente. E feito para durar e muito. Era caríssimo pra época e por isso o que já era raro, hoje em dia mais raro ainda.

As gambiarristies feitas nesse deck foram por conta do motor. O original é AC, sem ajuste de velocidade. O pior: foi usado com a correia patinando e desgastou a polia, quase impossibilitando restaurar a velocidade original. Como a ideia é ter mídia de intercâmbio, ou seja, que eu possa gravar fitas em um deck e ouvir em outro, parti para adaptar outro motor, mais moderno. Não que tenha sido uma melhoria, mas ao menos a adaptação é reversível. Abaixo, a fotos explicam melhor o que foi feito.

À esquerda, fonte de 12V para o motor. Base metálica recortada e soldada, para fixar o motor novo

Vendo por cima, a aparência quase original
Além desse trabalho no "trem de força", foram trocados mais de 40 componentes deteriorados, chaves desmontadas e limpas e feita recalibração. Forma muitas horas de trabalho e o resultado você pode conferir no vídeo abaixo:


E para não dizer que a diversão parou por aí, ele foi co-protagonista na baladinha do Clube do vinil. Taí a foto:

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

[Gambiarristies II] Combinado Sony cassete e deck rolo

Taí um aparelho raro e interessante. Fabricado pela Sony em 1972, ele pode ser considerado um "tudo em um". Tudo, digo, sem rádio, que de resto ele tem. Comprei ele faltando as tampas superiores que fazem as vezes de caixas de som. Sem problemas, pois uso o aparelho ligado ao resto do sistema. Foi projetado pra ser versátil: ou como centro do sistema ou acoplado a outro mais potente. O que é o caso.

Ele tem entrada para toca-discos, entrada auxiliar, controle de graves e agudos além do gravador cassete e rolo. Poderia ele com um sintonizador de rádio, um toca-discos e mais um par de caixas acústicas compor um sistema completo! De baixa potência é verdade, mas trata-se de um aparelho "portátil". Entre aspas mesmo, porque com a tampa e fechado ele se transforma em uma mala, mas pesada.

O que ele precisou mesmo foi de uma boa limpeza, lubrificação , um capacitor de marcha novo pro motor do deck de rolo, um motor novo pro cassete além de correias e rolo pressor.
Tá, mas cadê as gambiarristies? Sim, no próprio motor trocado, que é mais moderno e precisou de alguns ajustes na fixação. Além de polia nova. Mas o ápice mesmo foi o cabeçote.

Os cabeçotes Sony são mais baixos, talvez para padronizar com os usados nos Walkman. E esse cabeçotes eu não encontrei novos à venda, pelo menos não de qualidade [de som] condizente com esse aparelho. Pois que peguei um cabeçote mais alto, comum, desprendi de sua base de fixação e colei de volta em posição mais baixa pra permitir a instalação neste deck. Já fiz muito disso em aparelhos meus e acreditem: fica muito confiável. Na foto abaixo dá prá ver o cabeçote novo e o rolo pressor trocado


Enfim, como ficou o som? Claro, tem vídeo. Aí vai:


UPDATE: Imagem de catálogo da Sony, de 1972, mostrando este modelo:
Clique na imagem para ampliar





quinta-feira, 18 de agosto de 2011

[E quase me esqueço] Vídeo dos Polyvox funcionando

Pra variar, a coisa meio fora de ordem por aqui. Mas enfim, tava faltando publicar este video que já é conhecido de meus amigos, onde mostro o funcionamento do receiver e do toca-discos que já mostrei aqui. Dessa vez, o blogueiro novato aqui deu uma de apresentador e portanto, é auto explicativo. Aí vai:
UPDATE: abaixo, a propaganda de época dessa linha de produtos Polyvox - Agosto de 1981
Clique na imagem para ampliar

[Gambiarristies] Tape-deck Evadin CTD-420


Prá começar esta postagem, vou fazer um parêntese. Acabei de digitar esse termo maluco aí no Google prá ver no que dava e nenhuma ocorrência. então, acho que inventei mesmo uma palavra =]

Enfim, vim aqui pra falar de um deck que comprei muito baratinho e chamo de "patinho feio" da coleção. É um modelo que não sei que ano foi fabricado, se é projeto brasileiro, nada mesmo. Pelo design, parece até mais antigo do que realmente imagino é - início dos aos 70. Meio estranho, mesmo. Mas aí é que está a diversão: Que som daria um deck desses?

Quando chegou, estava até que bem conservado. Ao abrir, surpresa: motor AC, simplicidade extrema. O tal motor AC é aquele tipo alimentado pela própria rede de energia elétrica, seja 127 ou 220V. E esse tal motor não tem ajuste fino de velocidade... Bom, de qualquer forma ele estava travado, queimado e teria que ser substituído. E onde diachos eu iria encontrar um motor desses?

Recondicionar o motor? Nada disso: Gambiarristy nele! =] A começar, ele estava com zumbido no som. Já que é prá mexer mesmo, comecei por tirar da sucata uma dessas fontes de 12V que era de um HD externo de PC. E arranquei o transformador original e a placa da fonte interna. Feito isso, recortei um pedaço de lata, soldei no chassis e parafusei ali um motor moderno, para 9V. Até aí, tudo OK, velocidade correta e estável mas.... o barulho do motor aparecia amplificado no som.

Nem tive dúvidas: achei também na sucata uma fontezinha de 9V para telefone sem fio e embuti também nele! Isso, claro, para alimentar excusivamente o motorzinho novo. Preguiça técnica, admito. Mas funcionou lindamente.

Só precisou depois disso uma boa limpeza, lubrificação, rolo pressor e cabeçotes novos. Mas... como é prá melhorar a coisa...

Todo tape deck, mais ou menos, tem ruído de fundo. Um "sopro", constante, enquanto a fita é reproduzida. Nos melhores aparelhos esse ruído chega a ser quase imperceptível e chega até a sumir em decks com Dolby redutor de ruído. Mas este não é o caso, é aparelho bem simples. Não tive dúvidas: Troquei alguns transistores originais por tipos mais modernos e portanto mais silenciosos. E daí, fim de papo. Só não sei onde guardei os knobs originais, então, tá aí com botões de outro aparelho que foi sucateado...

Penso que, ao final,  valeu bastante a pena: O som ficou bom, as teclas são deliciosamente macias de operar e é extremamente rápido para rebobinar a fita. Só não tem auto-stop. Nenhum, nem no play. Não falei que o aparelho é simples? =]

Abaixo, uma foto das adaptações todas e depois, um vídeozinho pra arrematar - e dar alguma ideia do som que ele é capaz de reproduzir.

E agora, o vídeo:



Gambiarristies!

Poxa! Acho que acabo de criar uma nova palavra. então, vou explicar ;)
Entenda-se por Gambiarristies, uma pequena série que começo agora a mostrar alguns aparelhos [meus, é claro] em que a originalidade não era possível ou inviável de ser mantida. Seja por falta de peças ou por tentar melhorar um aparelho "querido". Uma coisa meio "hot-rod" do meio sonoro-vintage-analógico. Não chega a ser exatamente gambiarra como o termo sugere, mas vá lá que chega bem perto disso =]

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Toca-discos Sansui SR-222 - Caso perdido?

Aqui um aparelho que ganhei de um amigo, que até gostaria de citar nominalmente, mas acredito que o mesmo prefia anonimato. Mas enfim, fica registrado o agradecimento. E este mesmo amigo que me mandou por correio este aparelho também ganhou o toca-discos,  mas ele preferiu doar a mim, pra que eu pudesse consertar.

Não seria nenhum bixo de sete cabeças, não fosse um detalhe: Ese aparelho é europeu e feito para trabalhar em rede elétrica de 50Hz.

Explico, em termos leigos: a rede de energia elétrica funciona em corrente alternada. Isso significa que, ao contrário das pilhas que se usa para aparelhos portáteis que tem polaridade fixa em "positivo e negativo", a rede pública alterna entre seus polos a polaridade numa frequência fixa. Por isso que se pode plugar uma tomada na parede sem se preocupar em encaixar positivo com positivo e negativo com negativo. Afinal, como já disse, cada pólo alterna entre positivo e negativo 60 vezes por segundo.

Na Europa, a frequência da rede é de 50Hz, o que significa alternância de 50 vezes por segundo. Acontece que os motores dos tocadiscos usam essa frequência como referência para manter a velocidade de giro constante. Logo um tocadiscos feito para tocar em 50Hz  não pode funcionar em 60Hz, certo?

Bem, sim e não =]

Se um aparelho é para 50Hz e for ligado em 60Hz, vai girar bem mais rápido. E quem determina a velocidade de rotação é a polia tracionadora, que vai ao eixo do motor e este, por sua vez, traciona a correia que faz girar o prato. Quanto maior o diâmetro dessa polia, maior a velocidade de giro. Para que fique claro: Polia, neste caso, é aquele eixo do motor que impulsiona a correia, bem  entendido! ;)

Então, é lixar a polia até baixar a velocidade. Parece fácil e simples, mas acredite: não é. Dá um trabalho dos diabos e tem que ser muito preciso. Lixar um pouco a mais significa baixar a velocidade de rotação em definitivo, o que é desastroso.

Tem que lixar e polir aos poucos, recolocar a correia, conferir a velocidade num ciclo que só finaliza quando a velocidade desejada é atingida. E não pára por aí: Tem que ser feito duas vezes, já que o toca-discos tem duas velocidades, 33 e 45 RPM. Feito tudo isso, desmontar o motor para limpar a "poeira" de metal que sobrou. Valeu a pena? Acredito que sim. Quem me doou o tocadiscos não queria que este fosse apenas mais um aparelho a cair em mãos erradas, que o transformassem em sucata ou meramente aproveitasse peças.

A tampa de acrílico que veio acompanhando o aparelho não é original,  por isso não me preocupei em instalar e fotografar.

Enfim, como ficou o som? A rotação ficou perfeita? Ela oscila? isso você pode conferir no vídeo abaixo:


Um receiver e tanto - Polyvox PR4150

Este receiver recebi de um amigo via correios para restaurar,um Polyvox de mais ou menos 1981. É um aparelho de média potência e que foge do básico por ter incluída provisão para mais dois tape-decks ao invés de um e equalizador gráfico de 7 bandas ao invés dos tradicionais "bass & treble".

Esta unidade o amigo ganhou de um tio. E o tio conservou razoavelmente bem o aparelho, mas como ficou parado por muitos anos,  precisava de um restauro completo.

Abaixo, as fotos do aparelho por dentro, antes e depois:

Precisou de bela limpeza de todos controles, troca de capacitores, 4 transistores, 3 circuitos integrados, 1 lâmpada... Enfim, um trabalho pra não terminar num dia só, com certeza!

Após limpar todas conexões traseiras e resolver alguns problemas menores que persistiram, já pude usufruir de toda a qualidadede som que este aparelho é capaz de proporcionar.

Aliás, enquanto escrevo, ouço um disco através dele. Ainda não devolvi o aparelho ao dono, já que falta  ainda restaurar o toca-discos do conjunto, que ele também me enviou. Mas aí já é papo prá postagem oportuna e com vídeo, pra mostrar tudo funcionando junto. Assim conto essa estória com mais detalhes. Até lá!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Vintagismo digital - CP Player Sony CDP-C325M

Que me desculpem os "puristas analógicos" mas hoje vou falar rapidamente desse aparelho que um amigo, o Rodrigo Fotógrago me confiou a consertar.

É um aparelho do tipo "carrossel", para 5 CDs. A nova geração acustumada com dezenas de Gigas de MP3 em um aparelho do tamanho de um isqueiro deve estranhar um equipo do tipo deste Sony. :p

No início dos anos 90, quando o CD começou a se popularizar - e "doido" para desbancar os discos de vinil - quase todos aparelhos que se viam eram do tipo para um único disco. Tinham lá suas comodidades, como controle remoto, modo aleatório e programação para ordem de reprodução de faixas, mas ainda faltava um aparelho que pudesse reproduzir vários discos para que se pudesse ter horas de reprodução praticamente contínuas, o que desde os tempos dos trocadiscos faltava no mercado.

Este modelo da Sony é um dos modelos pioneiros a tocar mais de um disco, no caso, até 5 discos. Era na época vendido ou em conjunto completo, com rádio, cassete, amplificador e caixas de som ou como um "add-in", em que se poderia conectá-lo a um sistema já existente e assim entrar para a nova "era digital" e ouvir seus discos laser, como os CDs eram chamados há 20 anos, sem ter que trocar todo equipamento de som.

O dono deste aparelho me contou que esta unidade é um patrimônio de família, que possuem desde novo, em conjunto completo. Mas eis que os pais do Rodrigo adquiriram um novo "mini system" e tentaram se livrar da "velharia". Caso típico e muito comum. Muita gente ainda se ilude com a novidade, a pensar que o mais novo é melhor - o que nem sempre acontece. E este é justamente o caso negativo.

Veio o aparelho com a gaveta abrindo com dificuldade e a bandeja redonda, onde se acomodam os discos, travada. Pois então que não se podia colocar mais de um disco e mesmo colocando um, a mecânica não conseguia carregar e o CD não reproduzia, portanto.

A Sony, (e não só ela) digo por experiência própria, tem uma política de não se obrigar a prestar assistência técnica a aparelhos com mais de tantos anos (cinco?) de fabricação. Pois que se você tiver um mais "antigo" e levar em uma assistência técnica autorizada, pode ou não ter o serviço negado. Jogar fora? Bom, muita gente se nega a isso e o Rodrigo é um destes!

Não foi um grande serviço. O aparelho está bem conservado e tudo o que ele "pediu" foi um desmonte completo da mecânica para troca da graxa ainda original que havia ressecado e portanto travado o mecanismo. Nem a correia de borracha que abre a gaveta precisou ser trocada!

Prova da qualidade do produto, o que torna difícil de compreender o porquê da Sony se negar a consertar aparelhos de certa idade sem nem mesmo seus técnicos abrir para ver o defeito.

Abaixo as fotos da mecânica desmontada e do aparelo em teste, ligado a um receiver Gradiente que uso na sala de visitas. Mas esse receiver é papo pra momento oportuno =]

Desmontando a mecânica
Pronto e funcionando

 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Vitrola Philips AG9124 de 1958 de volta à ativa!

Como o pessoal que já conhece meu trabalho e acompanha no Orkut minhas atualizações e/ou na comunidade "Toca-discos sem frescuras!" bem como meu canal no Youtube [meu nome por lá é billaggio] já perceberam que as postagens por aqui não seguem ordem cronológica. Trabalhos feitos há algum tempo e conforme fuço nos meus arquivos escolho "na sorte" o assunto.

Minha câmera digital pifou irremediavelmente, num defeito de fabricação que só "estourou" após acabar a garantia. Pois bem, comprei outra e estou  no aguardo dela chegar por aqui. Enquanto isso, vou só"desarquivando" e, como ainda tem bastante coisa prá mostrar, vai dar tempo de lotar o cartão da nova cam até que a coisa entre nos eixos e passe a ser postagens de restauros "do dia".

Pois bem, falando da Philips. Encontrei no Mercado Livre uma vitrola muito bacana, do final dos anos 50 por preço baixo. Um modelo"portátil" - e já expliquei o porquê das aspas antes - com trocadiscos.

Trocadiscos é aquele sistema que vc pode empilhar uma série de discos no aparelho que ele toca um a um até que a pilha termine e desliga no final do processo. E este Philips é um que além de fazer isso, ainda seleciona automaticamente o diâmetro, permitindo que se misture LPs e compactos na pilha mas desde que todos sejam de mesma velocidade de rotação.

Não sei muito da estória desse modelo, especificamente. Mas ao ver todo o acabamento dado a ele, o fato de ser automático e com circuito relativamnte muito elaborado para sua categoria, conclui que era um modelo de luxo. Característica interessante também, é que ele tem um sistema precursor dos "super bass" atuais: o botão à direita do controle de liga / desliga e volume, ao ser puxado no sentido longitudinal ao eixo, reforça os sons graves. Nada mau prá época, não?

E por falar em época, imaginou a turma dos anos 50 e 60 carregando a mala e os discos prá casa da menina prá fazer a festinha aos olhos atentos dos pais? Pois é, certamente esse aparelho é um testemunho daqueles tempos!

Bem, como já disse, me custou pouco a vitrola. Sinal de que haveria muito trabalho pela frente. E é disso que eu gosto! =]

Abaixo, uma foto do estado que ela chegou:

Já dá pra perceber que está toda suja, com manchas no acabamento e faltando o botão que aciona a mudança de rotações além da borracha do prato.

Por dentro, o estado também não era muito animador. Na foto acima o estado da mecânica e a polia de borracha que traciona o prato, "podres", por assim dizer.

O circuito também estava bem deteriorado, tanto que seria loucura tentar ligar à tomada antes de proceder a troca de todos componentes que perderam suas características com o passar dos anos. Claro, isso foi feito, todos componentes testados um a um, trocados os ruins, os potenciômetros de volume e tonalidade desmontados e limpos. Bom, essa foi uma daquelas qe troquei quase todos componentes eletrônicos e ainda uma das válvulas - e ela usa só duas!

Circuito remontado e testado, polia trocada e mecânica com graxa novinha, motor desmontado e com óleo novo, base do trocadiscos polida, metais polidos até mostrarem seu dourado original e caixa lavada. Isso mesmo: lavada, prá dai sim mostrar suas "true colors".

Mas ainda faltava o bendito botão seletor de rotações. Como já avisei antes, as postagens por aqui ainda não estão em ordem cronológica. E eis que eu antes desse aparelho, resturei outra Philips, de modelo posterior, mas que tinha o tal botão lá, íntegro.

Não tive dúvidas: tirei um molde e fiz uma cópia [não muito perfeita, mas vá lá] em massa plástica. E prá não destoar dos plásticos amarelados com o tempo - o que dá um belo charme nesse caso - pintei em cor marfim. Ficou bacana, nas fotos abaixo mostro a peripécia:
A cópia e o original

A cópia pintada e reinstalada

Por um toque de sorte, a mecânica envolvida nessa mudaça de rotações no Philips é de acionamento bastante suave e portanto o fato da cópia ter sido feita em massa plástica não compromete em nada a durabilidade.


No canto da foto também dá pra perceber o feltro marrom que colei ao prato que, na falta da borracha original, deu acabamento condizente e ainda é totalmente funcional. Até cogitei tirar um molde da borracha de outra Philips, mas achei que seria muito tempo investido pra mudar algo que deu ótimo resultado.


A vitrola veio com a cápsula fonocaptora original , mas sem funcionar; o passar dos anos cobrou a conta. Havia aqui na sucata uma carcaça de cápsula Philips, opcional à época e que ali adaptei uma cápsula nova em folha. Golpe de sorte ao passar por lojas de componentes eletrônicos que atuam há muito tempo.

A cápsula agora é uma LeSon de duas agulhas. Ótimo, pois se pode ouvir discos antigos de 78RPM das décadas de 1920 em diante ou mesmo LPs modernos, bastanto selecionar a agulha adequada a cada um dos tipos de disco.

A cápsula original também proporcionava essa possibilidade, mas a LeSon tem desempenho muito superior à original em tocar discos antigos, fora o fato de que esta tem duas agulhas e se uma gastar, troca-se só a gasta e aproveita-se a outra até o fim. A Original é agulha simples de duas faces, se uma gastar, tem que se usar a outra até o fim pra daí trocar a agulha.Ou então trocar a agulha e perder metade dela, por assim dizer.

Enfim, tudo limpo, lubrificado, peça fabricada., circuito OK, falante limpo... É hora já de mostrar como ficou e com que desempenho ela funciona.
Limpa e pronta!

Como se viu, foi um extenso trabalho mas que compensou plenamente, pois agora além de bela a vitrola é muito confiável. Pode passar meses parada e acordar da hibernação como se estivesse saído da loja.

Na última segunda-feira a expus juntamente a outro modelo que falo em momento oportuno, num evento chamado SezJazz, um ensaio aberto de conjunto de Jazz mais exposição de arte contemporânea, bazar de roupas e espaço gourmet. E nos intervalos da apresentação ao vivo, lá foi a Philips fazer seu som pra entreter aos que estavam presentes.

Como fui sem câmera, que como já contei pifou, não tenho fotos desse evento em especial. Ainda assim, apresento um dos vídeos do meu canal do Youtube, que bem mostra a belezinha em funcionamento. E tocando LP novinho em folha, que é pra contrastar mesmo!


 E finalizndo, mais um vídeo, que é pra viajar no tempo. Falei que ela tem desempenho excepcional ao tocar discos muito antigos de 78RPM. E aqui então vai Brasileirinho, a primeira gravação dessa música, do ano 1949. Boa viagem no tempo! P.S.: A cor azul da caixa de som é por culpa da câmera, como viu-se nas fotos, na verdade ela é verde.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Do lixo ao Luxo: Uma vitrola Philips de 1968


Essa vitrola Philips, de 1968, foi um dos primeiros modelos a funcionar com pilhas a ser vendido no Brasil. Antes dela as vitrolas, mesmo as portáteis, eram de circuito à válvulas e portanto só podiam ser alimentadas por uma tomada elétrica. E este modelo não aposentou os modelos valvulados: ainda no mesmo ano a Philips ainda fabricava vitrolas valvuladas. Todas as outras. Marco histórico!

A vitrola que consta do vídeo, já restaurada e funcionando, foi um caso totalmente à parte. Primeiro os donos que ao me perguntarem na minha comunidade do Orkut, a "Toca-discos sem frescuras", se havia como restaurar, tiveram como resposta de muitos colegas que estes duvidavam que fosse possível. 

Eu aceitei o desafio. Estava toda enferrujada, tanto externa como internamente. Parecia mesmo não mais ser possível recuperar as partes metálicas, bem como a placa de circuito impresso e os transformadores internos. 


Eis que os donos da "criança" vieram de Itatiba para Campinas para que eu visse o aparelho. O prato eles já haviam lixado e repintado, num trabalho muito bom. Mas ainda faltava muito. Muito mesmo.


Como era fim-de-semana, fizemos um churrasco por aqui. E claro, enquanto a carne assava, a batata é que assava pro lado dessa vitrola =] 

Como o circuito é simples, passei a trocar uns capacitores - que eram os componentes mais deteriorados - durante o "churras"!


Vi que embora houvesse ferrugem nos transformadores e outras peças, depois de todos capacitores trocados o circuito já poderia "acordar".

Cheguei a dizer: "cara, esse circuito funciona por pirraça!".

Dito e feito! Deu sinal de vida. Mas como a ideia era caprichar....



À esquerda, a mecânica toda repintada. Estava marrom de ferrugem e travada. Promissor, até agora.

Mas havia ainda o alto-falante a refazer, o motor a trocar, dentre outros detalhes.

O alto-falante não foi muito fácil restaurar, mas valeu a pena. Comprei um novo cone de papel e aproveitei as demais peças, mantendo em estado idêntico ao original.

Alto falante - o antes e o depois


Os transfomadores e dissipadores de calor, retirados da placa, tiveram toda ferrugem removida, foram pintados e reinstalados. Até o diagrama esquemático, que ficava colado dentro da vitrola, fiz novo na impressora laser e colei lá dentro.

E não foi só essa concessão à modernidade: o motor moderno tem vantagens grandes em relação ao original: é mais silencioso, consome menos energia - importante se usar com pilhas - e ainda é facilmente ajustável em velocidade. Nada de som fanhoso! Adaptei também um chip regulador de voltagem. A ver nas próximas fotos.
Aqui, quase pronta!

Motor novo, regulador de voltagem

O último detalhe foi adaptar um plugue para adaptador externo "eliminador de pilhas" - como se dizia na época. Terminado isso tudo, o resultado não poderia ser outro - mas essevocê já conferiu no vídeo lá em cima =]



Além de ajudar quebrar um pouco o paradigma do "isso não tem conserto!" os que antes eram clientes, se tornaram amigos. E trabalho pra eles não parou nessa vitrola. Mas é papo pra outra hora. ;)

Uma TV dos tempos das receitas de Ofélia

Certo dia na padaria, encontro um amigo, bem mais velho que eu, e ele me pergunta a quantas andavam minhas "peripécias" - ou melhor, meus trabalhos de restauro.

Contei que havia acabado de pôr a funcionar uma pequena Tv Empire Baby, de 1972, aparelho em preto-e-branco, de tela de 10 polegadas e "portátil". Assim mesmo, entre aspas, já que um aparelho que pesa quase oito quilogramas não é algo que vc saia por aí carregando à toa.

Mas enfim, ele exclama: "-Nossa, você tem uma dessas?  Era uma Tv que toda a mulherada tinha na cozinha, pra assistir ao programa da Ofélia! Em casa eu tínhamos uma, não sei que fim levou."

Achei muito bacana a estória. Embora eu imaginasse que fosse uma TV  "de cozinha", pelo tanto de sujeira que retirei da caixa plástica, não pensava ser a Empire Baby tão comum. Mas foi esse meu erro, à época: o que ontem foi muito comum, é provavelmente o raro de hoje.

A lógica funciona mais ou menos assim: hoje vc tem, por exemplo, uma TV LCD qualquer. Vc vai usar até que compre outra melhor, ou então, quando der defeito, joga fora.

E essa TVzinha era um modelo destes: como era popular, muito comum, ninguém deu muito valor quando o modelo ficou obsoleto. Pouca gente guardou ou cuidou. O que hoje a torna objeto relativamente raro!

Este exemplar passou pelo trabalho de praxe: desmonte total, lavagem das peças, limpeza de contatos e troca de mais de 20 componentes eletrônicos, todos deteriorados.  Quando pronta participou de um almoço em família, pra todos viajarem um pouquinho no tempo =]

Na foto acima,  lavagem da carcaça, o que a deixou limpa e bonita a ponto de poder figurar em qualquer lugar, sem aquela cara de coisa velha. Antiga sim, velha não! :)

Tape-Deck Gradiente CD-1655

Eis aqui um beo exemplar de gravador de fita cassete dos anos 70, feito pela Gradiente. é um modelo de mesa, de disposição horizontal, como todos os primeiros aparelhos desse tipo.

É um clone brasileiro da marca JVC, já que na época de reserva de mercado, onde as importações eram proibidas, a Gradiente achou um "jeitinho brasileiro" para a coisa e passou a montar esses aparelhos em terras tupiniquins.É portanto, um equipamento de qualidade mundial, feito para durar.

Mas mesmo os duráveis precisam de um trato, mais cedo ou mais tarde. Vê-se pela foto, que o aparelho esteticamente já estava em bom estado.

Partes internas, durante o trabalho
Bastou para tanto desmontagem completa da mecânica para limpeza, relubrificação e troca de "tudo o que é de borracha". Trocados também todos componentes eletrônicos encontrados deteriorados. Pronto para mais anos e anos de uso, caso se deseje. E já embalou uma festa com tema de época, podem crer!

Primeiro Post

Quem hoje em dia pode ficar fora da WEB? Pois bem, apesar se ser usuário "viciado" de redes sociais, resolvi criar este blog para mostrar os meus trabalhos de restauração de aparelhos de som antigos e eventualmente TVs.

Vai ter por aqui muita vitrola, gravador de fita cassete, receivers e coisas do tipo.

É isso aí, até a próxima!