segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Polyvox PR -1800 : 39 peças depois

Propaganda de 1976
É, eis a escolha de gente experiente! =] Mas o tal receiver Polyvox PR1800 era e é mesmo um aparelho muito bom. Tem boa potência e qualidade de som. O rádio se destaca: "pega" tudo sem antena e com ótima qualidade de som, especialemte no FM. Tem muitas entradas e a imprensa especializada da época dizia: haja equipamento para plugar nele!

O receiver que mostro agora adquiri em ótimo estado de conservação num bazar beneficente, mas estava com aguns problemas de funcionamento, inclusive, som distorcido num dos canais. Antes de buscar a causa específica, procedi com a troca de 39 capacitores. Ou melhor: todos eles.  Mais limpeza de contatos e pronto: funcionando a pleno de novo.

Já conversei com donos deste mesmo modelo e costumam reclamar do timbre dos tons agudos que ele proporciona. E eu digo: todos estão provavelmente enganados. Com o passar do tempo os capacitores deterioram e com eles, a qualidade de som. Terminado o trabalho, ficou tão bom e agradável de ouvir que agora ele tem posição de destaque na sala de visitas. É agora meu receiver de uso constante. E substituiu outro aparelho de respeito, que falarei em momento oportuno.

Em post anterior mostrei um Polyvox mais recente que este, o PR-4150. E este aqui, à excessão do equalizador e de alguns watts de potência, se equivale ao mais novo. Posto a funcionar a pleno, surpreende mesmo.

E, pra finalizar, a foto de meu exemplar com o pote de peças que foram substituídas:

[Gambiarristies III] TEAC A-450 : um cassete desafiador

Propaganda veiculada na revista VEJA em novembro de 1973
Eis que no início dos anos 1970  a conceituadíssima marca TEAC lança no mercado um aparelho que simplesmente revolucionou o mercado, propondo um desafio. Até então quem queria poder gravar seus discos, fazer coletâneas musicais, deveria se valer dos decks de carretel - ou tape de rolo, como chamamos popularmente aqui no Brasil.

Já havia nessa época à venda as tais fitas cassete. Mas era o formato proposto apenas para gravação de voz ou "voice memos". Gravador de repórter, mesmo. Não havia qualidade sonora o suficiente para gravação de músicas. Mesmo assim, pelo formato compacto e conveniente, muita gente gravava nesses primeiros aparelhos cassete músicas e pronto. E conveniente porque ao invés de se usar um carretel aberto, as fitas cassete tinham formato em cartucho tornando muito fácil de operar e transportar.

Claro que os fabricantes de equipamentos de som notaram esse fenômeno e passaram a investir em aparelhos cassete com som estereofônico e melhor qualidade sonora que o cassete original. Os fabricantes de fita, por sua vez, passaram a investir em melhores fórmulas químicas para o revestimento magnético da fita e controle de qualidade.

Apesar disso tudo, o cassete ainda era um formato marginalizado pelos decks de rolo, por sua deficiência em qualidade sonora bem como por seu característico ruído de fundo.

Pois a TEAC resolveu "apelar". Produziu e lançou ao mercado este deck que mostro a você agora. Um aparelho que, em números e ao vivo, praticamente se igualava em qualidade sonora aos decks de rolo comuns - não aos melhores, é verdade, mas surpreendia - e ainda surpreende - pela qualidade sonora que consegue obter das fitas cassete.

Pois então, estava proposto o desafio: Que o audiófilo mostrasse quais a diferenças de sonoridade do A-450 para um deck de rolo. Foi o ponto de mudança. O tiro certeiro que tornou então a  mídia cassete respeitada até mesmo pelos mais exigentes e a tornou um ícone pop, lembrado ainda hoje.

O TEAC A-450 era fabricado como um tanque de guerra, tudo superdimensionado, beirando ao exagero, mas tudo torneado com precisão surpreendente. E feito para durar e muito. Era caríssimo pra época e por isso o que já era raro, hoje em dia mais raro ainda.

As gambiarristies feitas nesse deck foram por conta do motor. O original é AC, sem ajuste de velocidade. O pior: foi usado com a correia patinando e desgastou a polia, quase impossibilitando restaurar a velocidade original. Como a ideia é ter mídia de intercâmbio, ou seja, que eu possa gravar fitas em um deck e ouvir em outro, parti para adaptar outro motor, mais moderno. Não que tenha sido uma melhoria, mas ao menos a adaptação é reversível. Abaixo, a fotos explicam melhor o que foi feito.

À esquerda, fonte de 12V para o motor. Base metálica recortada e soldada, para fixar o motor novo

Vendo por cima, a aparência quase original
Além desse trabalho no "trem de força", foram trocados mais de 40 componentes deteriorados, chaves desmontadas e limpas e feita recalibração. Forma muitas horas de trabalho e o resultado você pode conferir no vídeo abaixo:


E para não dizer que a diversão parou por aí, ele foi co-protagonista na baladinha do Clube do vinil. Taí a foto:

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

[Gambiarristies II] Combinado Sony cassete e deck rolo

Taí um aparelho raro e interessante. Fabricado pela Sony em 1972, ele pode ser considerado um "tudo em um". Tudo, digo, sem rádio, que de resto ele tem. Comprei ele faltando as tampas superiores que fazem as vezes de caixas de som. Sem problemas, pois uso o aparelho ligado ao resto do sistema. Foi projetado pra ser versátil: ou como centro do sistema ou acoplado a outro mais potente. O que é o caso.

Ele tem entrada para toca-discos, entrada auxiliar, controle de graves e agudos além do gravador cassete e rolo. Poderia ele com um sintonizador de rádio, um toca-discos e mais um par de caixas acústicas compor um sistema completo! De baixa potência é verdade, mas trata-se de um aparelho "portátil". Entre aspas mesmo, porque com a tampa e fechado ele se transforma em uma mala, mas pesada.

O que ele precisou mesmo foi de uma boa limpeza, lubrificação , um capacitor de marcha novo pro motor do deck de rolo, um motor novo pro cassete além de correias e rolo pressor.
Tá, mas cadê as gambiarristies? Sim, no próprio motor trocado, que é mais moderno e precisou de alguns ajustes na fixação. Além de polia nova. Mas o ápice mesmo foi o cabeçote.

Os cabeçotes Sony são mais baixos, talvez para padronizar com os usados nos Walkman. E esse cabeçotes eu não encontrei novos à venda, pelo menos não de qualidade [de som] condizente com esse aparelho. Pois que peguei um cabeçote mais alto, comum, desprendi de sua base de fixação e colei de volta em posição mais baixa pra permitir a instalação neste deck. Já fiz muito disso em aparelhos meus e acreditem: fica muito confiável. Na foto abaixo dá prá ver o cabeçote novo e o rolo pressor trocado


Enfim, como ficou o som? Claro, tem vídeo. Aí vai:


UPDATE: Imagem de catálogo da Sony, de 1972, mostrando este modelo:
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

[E quase me esqueço] Vídeo dos Polyvox funcionando

Pra variar, a coisa meio fora de ordem por aqui. Mas enfim, tava faltando publicar este video que já é conhecido de meus amigos, onde mostro o funcionamento do receiver e do toca-discos que já mostrei aqui. Dessa vez, o blogueiro novato aqui deu uma de apresentador e portanto, é auto explicativo. Aí vai:
UPDATE: abaixo, a propaganda de época dessa linha de produtos Polyvox - Agosto de 1981
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[Gambiarristies] Tape-deck Evadin CTD-420


Prá começar esta postagem, vou fazer um parêntese. Acabei de digitar esse termo maluco aí no Google prá ver no que dava e nenhuma ocorrência. então, acho que inventei mesmo uma palavra =]

Enfim, vim aqui pra falar de um deck que comprei muito baratinho e chamo de "patinho feio" da coleção. É um modelo que não sei que ano foi fabricado, se é projeto brasileiro, nada mesmo. Pelo design, parece até mais antigo do que realmente imagino é - início dos aos 70. Meio estranho, mesmo. Mas aí é que está a diversão: Que som daria um deck desses?

Quando chegou, estava até que bem conservado. Ao abrir, surpresa: motor AC, simplicidade extrema. O tal motor AC é aquele tipo alimentado pela própria rede de energia elétrica, seja 127 ou 220V. E esse tal motor não tem ajuste fino de velocidade... Bom, de qualquer forma ele estava travado, queimado e teria que ser substituído. E onde diachos eu iria encontrar um motor desses?

Recondicionar o motor? Nada disso: Gambiarristy nele! =] A começar, ele estava com zumbido no som. Já que é prá mexer mesmo, comecei por tirar da sucata uma dessas fontes de 12V que era de um HD externo de PC. E arranquei o transformador original e a placa da fonte interna. Feito isso, recortei um pedaço de lata, soldei no chassis e parafusei ali um motor moderno, para 9V. Até aí, tudo OK, velocidade correta e estável mas.... o barulho do motor aparecia amplificado no som.

Nem tive dúvidas: achei também na sucata uma fontezinha de 9V para telefone sem fio e embuti também nele! Isso, claro, para alimentar excusivamente o motorzinho novo. Preguiça técnica, admito. Mas funcionou lindamente.

Só precisou depois disso uma boa limpeza, lubrificação, rolo pressor e cabeçotes novos. Mas... como é prá melhorar a coisa...

Todo tape deck, mais ou menos, tem ruído de fundo. Um "sopro", constante, enquanto a fita é reproduzida. Nos melhores aparelhos esse ruído chega a ser quase imperceptível e chega até a sumir em decks com Dolby redutor de ruído. Mas este não é o caso, é aparelho bem simples. Não tive dúvidas: Troquei alguns transistores originais por tipos mais modernos e portanto mais silenciosos. E daí, fim de papo. Só não sei onde guardei os knobs originais, então, tá aí com botões de outro aparelho que foi sucateado...

Penso que, ao final,  valeu bastante a pena: O som ficou bom, as teclas são deliciosamente macias de operar e é extremamente rápido para rebobinar a fita. Só não tem auto-stop. Nenhum, nem no play. Não falei que o aparelho é simples? =]

Abaixo, uma foto das adaptações todas e depois, um vídeozinho pra arrematar - e dar alguma ideia do som que ele é capaz de reproduzir.

E agora, o vídeo:



Gambiarristies!

Poxa! Acho que acabo de criar uma nova palavra. então, vou explicar ;)
Entenda-se por Gambiarristies, uma pequena série que começo agora a mostrar alguns aparelhos [meus, é claro] em que a originalidade não era possível ou inviável de ser mantida. Seja por falta de peças ou por tentar melhorar um aparelho "querido". Uma coisa meio "hot-rod" do meio sonoro-vintage-analógico. Não chega a ser exatamente gambiarra como o termo sugere, mas vá lá que chega bem perto disso =]

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Toca-discos Sansui SR-222 - Caso perdido?

Aqui um aparelho que ganhei de um amigo, que até gostaria de citar nominalmente, mas acredito que o mesmo prefia anonimato. Mas enfim, fica registrado o agradecimento. E este mesmo amigo que me mandou por correio este aparelho também ganhou o toca-discos,  mas ele preferiu doar a mim, pra que eu pudesse consertar.

Não seria nenhum bixo de sete cabeças, não fosse um detalhe: Ese aparelho é europeu e feito para trabalhar em rede elétrica de 50Hz.

Explico, em termos leigos: a rede de energia elétrica funciona em corrente alternada. Isso significa que, ao contrário das pilhas que se usa para aparelhos portáteis que tem polaridade fixa em "positivo e negativo", a rede pública alterna entre seus polos a polaridade numa frequência fixa. Por isso que se pode plugar uma tomada na parede sem se preocupar em encaixar positivo com positivo e negativo com negativo. Afinal, como já disse, cada pólo alterna entre positivo e negativo 60 vezes por segundo.

Na Europa, a frequência da rede é de 50Hz, o que significa alternância de 50 vezes por segundo. Acontece que os motores dos tocadiscos usam essa frequência como referência para manter a velocidade de giro constante. Logo um tocadiscos feito para tocar em 50Hz  não pode funcionar em 60Hz, certo?

Bem, sim e não =]

Se um aparelho é para 50Hz e for ligado em 60Hz, vai girar bem mais rápido. E quem determina a velocidade de rotação é a polia tracionadora, que vai ao eixo do motor e este, por sua vez, traciona a correia que faz girar o prato. Quanto maior o diâmetro dessa polia, maior a velocidade de giro. Para que fique claro: Polia, neste caso, é aquele eixo do motor que impulsiona a correia, bem  entendido! ;)

Então, é lixar a polia até baixar a velocidade. Parece fácil e simples, mas acredite: não é. Dá um trabalho dos diabos e tem que ser muito preciso. Lixar um pouco a mais significa baixar a velocidade de rotação em definitivo, o que é desastroso.

Tem que lixar e polir aos poucos, recolocar a correia, conferir a velocidade num ciclo que só finaliza quando a velocidade desejada é atingida. E não pára por aí: Tem que ser feito duas vezes, já que o toca-discos tem duas velocidades, 33 e 45 RPM. Feito tudo isso, desmontar o motor para limpar a "poeira" de metal que sobrou. Valeu a pena? Acredito que sim. Quem me doou o tocadiscos não queria que este fosse apenas mais um aparelho a cair em mãos erradas, que o transformassem em sucata ou meramente aproveitasse peças.

A tampa de acrílico que veio acompanhando o aparelho não é original,  por isso não me preocupei em instalar e fotografar.

Enfim, como ficou o som? A rotação ficou perfeita? Ela oscila? isso você pode conferir no vídeo abaixo: